CINEMA: Lady Bird: É Hora de Voar

“Lady Bird” (2017) é um longa de comédia/drama dirigido e escrito por Greta Gerwig (Frances Ha) com atuações de Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Timothée Chalamet (Me Chame pelo Seu Nome) e grande elenco. O longa foi indicado ao Oscar 2018 em cinco categorias, sendo elas: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante.

A trama do longa se passa em 2002, quando uma adolescente de dezessete anos com inclinações artísticas se aproxima da maioridade e das responsabilidades advindas do fato de tornar-se adulta vivendo em Sacramento, cidade da Califórnia. Essa adolescente é Christine McPherson, ou “Lady Bird” (Saoirse Ronan) como prefere e insiste em ser chamada.

O grande objetivo da adolescente é conseguir uma vaga em uma universidade bem longe de Sacramento, para que possa evoluir e ter uma vida melhor da que a que tem no momento com sua família, então, acompanhamos a jornada da personagem em seu ultimo ano de colégio e sua saga para conseguir realizar seu sonho.

Enquanto acompanhamos essa saga, também observamos Lady Bird transitando da fase da adolescencia para a adulta e sofrendo com todos os percalços que essa transição pode causar. Então temos a jovem lidando com um atrapalhado primeiro amor, seus dramas escolares, suas amizades sinceras, aquelas apenas por conveniência, e sua relação conturbada com a família. Mas não pense que o filme é um dramalhão, há aqui toda a comédia intrínseca ao período da adolescencia e as descobertas dessa fase conturbada.

O que mais chama a atenção aqui é a forma com que o roteiro aborda tudo isso, eu classificaria e compararia o roteiro do longa com uma crônica, pois o roteiro descreve temas cotidianos da forma com a qual eles acontecem, por isso você precisa se atentar às entrelinhas do roteiro para conseguir pegar toda a profundidade que o filme quer passar.

Questões como homofobia, auto aceitação, padrões de corpo e beleza, segregação de classes e até mesmo as cotas étnico raciais são abordadas aqui de forma natural e surgem em meio aos diálogos dos personagens sem nenhuma intenção de militar sobre um ou outro assunto, apenas dando pinceladas de como é a nossa realidade e o quanto praticamos certas ações duvidosas e nocivas ou por não perceber ou por considerar natural ao seu meio social.

Um outro grande trunfo do longa, além de tratar dos assuntos citados de forma natural e cotidiana, é a interação entre Lady Bird e sua mãe Marion (Laurie Metcalf) que consegue ser caótica, tempestiva, dramática, explosiva, emocional, divertida e hilariante em um mesmo diálogo. A transição de clima entre mãe e filha acontece em praticamente todos os diálogos e logo na primeira cena das duas juntas podemos ver o quanto essa relação é crua e real. Marion é uma mãe que tenta fazer de tudo pela filha, mas vê seus limites testados quando Lady Bird não se mostra contente com o “tudo” que a mãe provém e quando chega a tal “hora de voar” é difícil conter as lágrimas!

“Lady Bird” é um filme que trata de assuntos importantes de forma natural, sem precisar ser explícito ou exagerado para conseguir alcançar seu objetivo. A transição de fases da vida de uma adolescente e os reflexos desse crescimento para todos aqueles que convivem com ela pode não soar muito interessante para a maior parte dos telespectadores, mas sem dúvida, será um prato cheio para o telespectador atento que não precisa de grandes reviravoltas ou explosões para apreciar um bom filme.

Quantos cafés “Lady Bird” merece?

Confira também as impressões da Jeniffer Geraldine, minha parceira de maratona do Oscar 2018, lá no Geraldas!

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