MAIO SCI-FI: MESSIAS DE DUNA – FRANK HERBERT

“Messias de Duna” é o segundo volume da série Crônicas de Duna, criada por Frank Herbert. Escrita em 1969, a sequência de Duna revela um lado mais humano de seus personagens, além de aprofundar e estender o universo, aliando discussões políticas, filosóficas e religiosas à épica história de poder, vingança e redenção construída no primeiro volume da série, que assim como este, foi lançado pela Editora Aleph em uma edição em capa dura, com tradução de Maria Carmo Zanini.

Doze anos após ascender ao trono e acumular tanto o título de Imperador, após frustrar os planos de Shaddam IV, e Messias tanto para o povo Fremen quanto para as Bene Gesserit, Paul Atreides precisa lidar com as consequências de ter se tornado o líder do maior império que a humanidade já viu. Arrakis, a fonte da especiaria mélange que move toda a economia do Império, se tornou o centro do Imperium e a filosofia Fremen começa a se propagar pelos planetas que vão sendo conquistados.

A derrota da Casa Corrino, a dominação de outros planetas e a crescente supremacia da Casa Atreides fazem importantes facções contrárias ao imperador reunirem forças para detê-lo. Sendo assim, uma grande nova disputa está prestes a ter início nos bastidores do poder, e apenas Muad’Dib tem o poder de decidir o destino de todos.

Ilustração de capa por Marc Simonetti

Leto Atreides sempre amou Lady Jessica, porém nunca chegou a casar-se com ela, ele sabia que alianças poderiam ser formadas através do casamento. Seu filho Paul Atreides padeceu do mesmo mal, dando o posto de Imperatriz para Irulan, filha de seu inimigo derrotado Shaddam IV, enquanto seu coração batia por Chani. Desposar uma mulher que evidentemente não ama é apenas um dos pesos que Muad’Dib terá que carregar, é um dos erros que acaba cometendo.

Paz em toda parte, Paul pensou. Em toda parte…exceto no coração de Muad’Dib.

O dom da presciência adquirido pela manipulação crônica da genética das Bene Gesserit e o uso excessivo do mélange, tornaram Paul quase um deus para o Império, suas habilidades precognitivas e ações ao final do primeiro volume da série, só serviram para reforçar e expandir sua imagem messiânica. O Muad’ Dib, o Kwisatz Haderach, o Messias de Duna, contudo, não pode descansar no conforto de sua aparente onipotência, esses mesmos dons que promoveram sua ascensão e salvaram sua vida também cobram um preço alto.

Ter a possibilidade de vislumbrar algo tão inconstante e mutável quanto o futuro não se mostra tarefa fácil, ainda mais quando Paul descobre que todos os atuais caminhos estão sendo conduzidos para um Jihad, uma espécie de Guerra Santa, que travarão em seu nome. Extremamente ciente desse futuro iminente, Paul tenta com suas habilidades, criar desvios em suas palavras, ações e decisões, constantemente buscando subterfúgios para um futuro que quer e pretende evitar. É uma pena que seus inimigos, que planejam um ato de traição com o objetivo de causar sua derrocada, não estejam tão cientes do quão avançados os poderes precognitivos de Paul estão.

O mélange era valioso, mas tinha um preço: o vício. Aumentava a vida em anos – décadas, no caso de algumas pessoas -, mas ainda era só mais uma maneira de morrer.

Frank Herbert conseguiu em sua obra fugir do que estamos acostumados a ver no gênero, quando decidiu apostar mais num estudo sobre o ser humano, nossas lutas para preencher os espaços vazios da alma, sejam com palavras, vícios ou crença e fé, e nossa incessante busca por respostas, mesmo que lá no fundo já saibamos de algumas delas e não estejamos muito prontos para encará-las. A leitura continua sendo qualitativa, a escrita descritiva na medida certa e intrinsecamente filosófica continuam fazendo desses livros uma experiência de leitura única que vai te fazer pensar acerca de assuntos extremamente pertinentes  e contemporâneos.

“Messias de Duna” é um livro bem mais curto do que o seu antecessor, tendo apenas um terço do número de páginas, isso aliado ao fato de trata-se indubitavelmente de uma história de transição, faz com que a sequência não seja tão grandiosa quanto foi “Duna”. Contudo, a obra cumpre muito bem o papel de expandir a história e nos apresentar um vislumbre do que poderá vir à frente, enchendo nossos corações com desfechos de personagens queridos e nossos olhos com a apresentação de novas raças e possibilidades, eu mal posso esperar para conferir “Filhos de Duna”.

Não deixe de conferir as minhas impressões sobre o primeiro volume das Crônicas de Duna e caso se interesse pela história, você pode adquirir as obras pelo link do blog na Amazon. Grande abraço e até a próxima viagem espacial!

Quantos cafés “Messias de Duna” merece?

2 comentários sobre “MAIO SCI-FI: MESSIAS DE DUNA – FRANK HERBERT

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